quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Dado e arregaçado

"A falta injustificada a um ou meio período normal de trabalho diário imediatamente anterior ou posterior a dia de descanso ou a feriado implica a perda de retribuição relativamente aos dias de descanso ou feriados imediatamente anteriores ou posteriores."

Isto na versão final do acordo tripartido alcançado entre o Executivo, os patrões e a UGT, em que se definiram novas medidas para a lei laboral.

Ora bem, não sei se é de mim, mas isto parece-me perfeitamente normal.

No entanto, tenho ouvido e lido comentários muito depreciativos em relação a esta medida. Que isto está pior que no tempo de Salazar, que só mudam as moscas (ah, que graça, esta), que os pobres são sempre os mesmos, que os trabalhadores é que sofrem. Os clichês do costume, que a malta até a revoltar-se é pouco original.

Senhores e senhoras, confesso que não entendo a vossa reacção e me tenho sentido perdida nas vossas afirmações pouco argumentadas.

Pior que no tempo de Salazar porque não querem pagar-vos um dia em que não trabalharam? Ou penalizar-vos por serem malandros? Acham que num país a sério ainda vos pagavam por terem ficado em casa? É isso?

Esta velha mania das pessoas de que toda a gente lhes deve alguma coisa!

2 comentários:

  1. Gostava que houvessem mais mudanças ainda. Isto não vai resolver o principal problema que assola o país...o desemprego!
    Deixem-se lá os empregados em paz, que trabalhem mais horas não significa que se mudem mentalidades, ou que se produza mais, nem que haja empresas mais lucrativas, talvez até vai piorar a situação em alguns casos.

    Que se mude o sistema fraudolento de trabalho a recibos verdes, a preguiça mental e física de quem nada faz para manter as suas empresas em pé, dado que lucram mais em simplesmente não pagar a nenhum trabalhador por 3 ou 4 meses e depois abrir insolvencia ou falência ou idotência vá! :P

    Entre outras desgraças do sistema: professores com 65 anos a ensinar crianças de 5, cansados, sem poder para pôr ordem ou disciplina nas suas salas; funcionários públicos que trabalham meia hora por dia a fazer nada e passam o restante no facebook ou a tomar café, atrasando a já imensa burocracia que o país tem, assim como a vida das pessoas; etc.

    Não me vou alongar porque senão é um comentário maior que o post! ;)

    Sorry! Mas este tema grrrr!

    ResponderExcluir
  2. A questão é a redução salarial que estas mudanças implicam. Porque se as pessoas trabalham mais tempo pelo mesmo dinheiro há uma redução salarial objectiva e imposta pelo Estado. Pode-se discutir a validade de mexer nisto ou não, na legitimidade do Estado para mexer em contratos já assinados entre trabalhadores e entidade patronal, etc., mas que isto é um choque grande é, e comporta perdas grandes para quem trabalha.

    ResponderExcluir