sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Dar sangue.

Hoje fui arrastada para doar sangue. É um projecto que tenho desde novita, que acho muito bonito e necessário, mas que tenho adiado de ano para ano.

Quando tinha 14/15 aninhos, uma idade cheia de consciência e em que se tomam decisões para a vida, achava um piadão à coisa e tinha a certezinha de que ia ser dadora a vida toda. Pois, está bem.

A ideia começou a perder credibilidade quando passei a fazer análises com frequência. A piada é que desmaio sempre. O que, parecendo que não, é chato. Pois que chego lá, ao centro de análises, já nervosa e prestes a entrar em colapso. Eu nem olho para a agulha, ou para o sangue, ou para a enfermeira, mas imagino tudo. 100 vezes pior.

Mal a senhora tira a agulha e diz que já está, puff, calafrios, suores, tonturas, náuseas, e lá vou eu. Depois elas vêm com rebuçados, algodões com álcool, pães com queijo, bolinhos, um verdadeiro farnel anti-pieguice. E eu recupero os sentidos e vou à minha vida, com a garantia de que só para o ano é que há mais.

Ainda assim, ignorando este padrão e porque quero crer que algures em mim há uma pontinha de coragem, deixei-me arrastar, então, para dar sangue.

Ora cheguei lá, preenchi um questionário, inscrevi-me como dadora e sentei-me à espera de ser avaliada pela médica que vê se estamos, ou não, aptos para ser vampirizados.

O problema, meus amigos, é que nisto estava lá tudo ao léu. Que é como quem diz, as pessoas, ali, tudo ao molho, fé em Deus, de agulha espetada no braço e saco de sangue pendurado. A abrir e a fechar a mão. E, claro está que eu, do alto da minha borradice, comecei logo a sentir vontade de vomitar perante este cenário.

Sentei-me cheia de medo, e de suores e a tremer da voz, para ser vista pela médica e, dois minutos depois, tinha escrito na minha ficha: "Não tem perfil psicológico para ser dadora". Diz ela, a médica, que agora nem pensar, que ainda caía pro lado ali, e para tentar mais tarde, que com a idade as pessoas lidavam melhor com as suas fobias.

Parece que lá terei que adiar o projecto mais uns aninhos. Ou, quiçá, para sempre.


5 comentários:

  1. tivesse tempo para o fazer e ia dar sangue de 3 em 3 meses.

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  2. Doeu-me um bocado e receei cair para o lado, até porque tinha feito desporto menos de 1h antes, mas vá lá, aguentei-me. Não é uma experiência muito agradável, mas é um pequeno contributo para quem venha a necessitar dele!

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  3. Olhem, se é para se virem praqui armar-se aos cágados, do tipo "ai que bons e corajosos que somos, que damos sangue, e se não damos mais é porque não podemos, e até treinamos e depois damos, e aguentamo-nos mesmo bem, e somos os maiores e ajudamos pessoas", melhor é ficarem caladinhos.

    Mas gosto muito de vocês na mesma.

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  4. Que mazinha! Isso é ressentimento por não te deixarem dar sangue lol ;p

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