quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

ressurreição.

Toda a gente tem alguma coisa para dizer. Uns mais, outros menos, é certo, mas toda a gente.
Eu nem me considero uma daquelas pessoas com muiiito para dizer. Não sou a pessoa indicada para viagens longas enquanto co-piloto (tanto que adormeço em menos de nada); não sou boa para cafés a dois; sou fraca a arranjar temas de conversa, até com pessoas com quem me dou diariamente; em conversas de conveniência, então, consigo ser mesmo péssima; enfim, ninguém dará nada por mim num blog cujo objectivo é falar sobre coisas.

Até vos digo mais, e muitos de vocês já o sabem: nos primeiros contactos comigo, consigo ser uma espécie de bicho-do-mato arrogantezola com ar de poucos amigos. Os meus amigos (os tais poucos) dizem que reviro os olhos, bufo de vez em quando, tenho dificuldade em esconder que não estou a achar piadinha nenhuma e falo pouco. Lá está, falo pouco.

Depois das primeiras impressões (e há quem diga que a primeira impressão é tudo!) é muito simples: se a outra pessoa me parecer decente, interessante e asseadinha, sim sennhor!; agora se for não for com a cara de alguém, meus amigos, nunca há (houve uma vez, pronto) volta a dar-lhe.

A única altura em que consigo escapar a este meu mau íntimo, a esta dificuldade em dar-me aos outros e, pior, em gostar deles, é em trabalho. Não julgo ter sido alguma vez desagradável com algum dos meus entrevistados, fontes, e por aí fora.

Tudo isto para dizer o quê, perguntam vocês? Para dizer que lá por gostar pouco de pessoas, e ter este feitio de bradar aos céus, que eu sei que tenho e vocês também, não quer dizer que me julgue a maior da minha aldeia e que, com jeitinho, a coisa dá-se.

O desemprego trouxe-me imenso tempo livre e muitas saudades de escrever e de criar. Vou cair na lamechice de dizer que não há nada melhor que partilharmos com os outros o melhor de nós! Quero conservar, desta forma, as minhas memórias e as minhas paixões.
Não tenho emprego, mas porra, tenho um blog!


(E a verdade é que já há aí muito boa gente a sobreviver à conta do seu blog. Bloggers profissionais, dizem eles. E eu acredito.)

11 comentários:

  1. aki n há um Gosto para clicar? jpeixinho

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  2. Parece-me um bom post para quebrar o gelo :)
    catS

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  3. "agora se for não for com a cara de alguém, meus amigos, nunca há (houve uma vez, pronto) volta a dar-lhe" <3

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  4. Inês, conseguiste descrever, ipsis verbis, o meu problemas com o contacto pessoal com pessoas, seja em primeira instância ou em conversas de elevador. Gosto que tenhas voltado a isto.

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  5. Este comentário foi removido pelo autor.

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  6. Comemos um dia uma sopa juntas, e por acaso achei-te tudo menos essas coisas que escreves. Pensei: menina com ar despachadinho. E depois ia lendo na diagonal o teu facebook e pensei:até que enfim alguém diz alguma coisa de jeito e com sentido de humor no meio disto tudo. Enfim...agora vi que não sou a única alminha com "dificuldades sociais". Ai se eu dissesse tudo o que penso!

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  7. Sweet Inês

    Devias ser recompensada pelo Fundo de Desemprego com uma mensalidade qualquer. Todos precisamos de blogs "higiénicos" como tu tão bem sabes manter, capazes de lavar lixo mental e dar brilho a quem tem ideias e opiniões (úteis).Força. Vou acompanhar-te de pertinho... Bjos de avental

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  8. Vai ser este o meu caminho não vai?

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  9. Os blogs em si não seriam maus... se não fossem escritos por pessoas... para pessoas.

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